Nietzsche e a arte de decifrar enigmas
(Coleção Sendas & Veredas; GEN/Edições Loyola, 2014).
Decifrador de enigmas, Nietzsche espera do leitor que decifre seus enigmas. Tarefa sem fim, ela implica diversificar questões, multiplicar perspectivas, aventurar-se em novos experimentos. Uma vez que Nietzsche critica a vontade de verdade, não caberia apreciar até que ponto suas considerações são verdadeiras ou falsas. Já que ataca a lógica dualista presente no pensar metafísico, não seria o caso de reclamar um raciocínio linear, que distinguiria com clareza o sim e o não. Na medida em que combate os sistemas filosóficos, não se deveria exigir de seus textos longas cadeias argumentativas e minuciosas demonstrações. Fino estrategista, Nietzsche se alia com frequência a adversários declarados para combater outros, tendo em vista, por fim, declarar guerra àqueles a quem de início se aliara. Dependendo de seu alvo de ataque, a uma mesma proposição confere um tom assertivo ou irônico, dubitativo ou jocoso. Para dar-se conta da riqueza da reflexão que empreende, além de frequentar sua obra e explorar suas tramas conceituais, o leitor tem de conviver com suas estratégias. Desvendá-las tais como se apresentam em seus escritos, decifrar seus enigmas, é o que pretendemos. Em Nietzsche e a Arte de decifrar Enigmas. Treze Conferências Europeias, reunimos treze ensaios, fruto de intenso diálogo com colegas europeus.